quinta-feira, 23 de abril de 2009

Espanhola

(FOTO MAURÍCIO SCHWARTTZMAN)

Punheta pouca
é bobagem...

Por isso meus peitos
imperfeitos

(o esquerdo é maior
que o direito)

te oferecem
esse caminho
estreito

onde o prepúcio
indo e vindo, não pára
até que me gozes
na cara!

Malu Sant'Anna

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ego meliante

(Foto Laurentiu Margalin)
Esse pressuposto vício
que me ata feito corda no pescoço,
balançando na boca do poço,
tem raízes ancestrais.

É uma iniquidade compulsiva
mesquinha, torpe, ingrata
que aos poucos vem e me mata
por modus operandis banais.

Malu Sant’Anna

Não morras hoje, meu amor!

(Foto Google Search)

Peço-te que, caso me permitas um último pedido,
antes que tudo se acabe, que a vida se liquefaça
em gotas azedas da tua essência turva,

que não morras hoje, meu amor,

enquanto a chuva encharca
a terra que irá nos acolher.

Porque dia de chuva
não é para se morrer.

As sementes festejam,
o edredom nos espera
e há tanto ainda para
fazermos em nós mesmos...

Nuvens carregadas
copulam com o céu
assim como em mim
estocas teu desejo carnal.

E a lua, satélite clichê,
se oferece nova
dependurada sobre nós
feito testemunha voluntária
dessa orgia ordinária.

Brindemos, então, com a seiva
de nossos fluídos corpóreos,
nossos sentidos etéreos,
e desejos insanos.

Enquanto a chuva
lava e inunda o mundo lá fora
e faz a terra gemer...

Malu Sant’Anna

terça-feira, 7 de abril de 2009

Logorréia indigesta

(Foto Thomas Dunkerley)

Quantos quilos
tenho comido
desse pão dormido
feito sempre da farinha
do mesmo saco?

E não me sacia,
por mais que meta
goela abaixo

pelo contrário,
me dá azia
e um mau humor
do caralho.

Malu Sant’Anna

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Revel

(Foto Google Search)


Meu coração
amanheceu
batendo na garganta...

Ontem à noite ele saiu
correndo peito à cima
para alcançar um impropério
e tomá-los pelas rédeas.

Agora não sabe
se o deixa galopar mundo à fora
e fazer seus estragos

ou traz para dentro
de volta.

Malu Sant'Anna

As três bocas


(Foto Boca Google Search, editada por mim)



Tanto, sempre tanto para falar...
por isso as três bocas.

a que se abre ao alimento,
engole, saliva, vomita
que ao vento semeia palavras,
xinga, conforta, pergunta, condena
que beija, lambe e suga
os paladares típicos
da carne

a que, ainda víscera,
gela diante do medo
dá nó, embola,
leva pancada
em cada fato
que se sobrepõem
à espera

e a que se rende
ao falo e o enfeitiça
para que o mundo
seja sempre mundo.


Malu Sant'Anna