quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ao poeta


(foto Google Search)

Punhetavam-lhe ideias
feito putas de beira de estrada

baratas, temerárias causadoras
de riscos irreversíveis

metia o verso, nem sempre
primando pela criação preventiva

disseminando erupções insanas
abusando de locuções profanas
fruto de verve invasiva

calcava o bruto e roliço
jogo de traços e rimas
feito procriador compulsório
que recebia soldo irrisório

ao copular poesia

ainda assim
se achava por isso bem pago
dando pro fumo, pro trago

já era o que lhe valia.


Malu Sant'Anna

Quero ser

(Foto Ben Goossens)


aliciar
o mais, rupturas
amor e ódio
onde se completam

voraz
esfinge que se cala
teu nome
é um rancor

frenético
lisérgico, intrépido


que na mesa
de um domingo
em família

não é mais filha
do que qualquer

outra
lascíva larissa

cria da dor
com escárnio

soberbo
brutal


poesia


Malu Sant'Anna