quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ego meliante

(Foto Laurentiu Margalin)
Esse pressuposto vício
que me ata feito corda no pescoço,
balançando na boca do poço,
tem raízes ancestrais.

É uma iniquidade compulsiva
mesquinha, torpe, ingrata
que aos poucos vem e me mata
por modus operandis banais.

Malu Sant’Anna

Não morras hoje, meu amor!

(Foto Google Search)

Peço-te que, caso me permitas um último pedido,
antes que tudo se acabe, que a vida se liquefaça
em gotas azedas da tua essência turva,

que não morras hoje, meu amor,

enquanto a chuva encharca
a terra que irá nos acolher.

Porque dia de chuva
não é para se morrer.

As sementes festejam,
o edredom nos espera
e há tanto ainda para
fazermos em nós mesmos...

Nuvens carregadas
copulam com o céu
assim como em mim
estocas teu desejo carnal.

E a lua, satélite clichê,
se oferece nova
dependurada sobre nós
feito testemunha voluntária
dessa orgia ordinária.

Brindemos, então, com a seiva
de nossos fluídos corpóreos,
nossos sentidos etéreos,
e desejos insanos.

Enquanto a chuva
lava e inunda o mundo lá fora
e faz a terra gemer...

Malu Sant’Anna